45-CONTO/ EM BUSCA DO ARCO-IRIS- MELINDA

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                       EM BUSCA DO ARCO-IRIS

Um beco sem luz...

Nele, pedaços de jornal velho que o vento, quente como a boca de um forno, levanta em pequenos rodamoinhos  Algumas sacolas com lixo esperando o lixeiro e enquanto isso que fazem a alegria de algumas ratazanas gordas e nojentas, um cão vadio que perambula a procura de um resto de comida.

Um portão grande a esquerda onde funciona uma grande oficina de carros e caminhões

Um portão pequeno a direita que chora quando ela o abre e fecha com força, quase destruindo a madeira velha comprometida pelos cupins.

Subindo os quatro degraus, Maria entra na casa antiga, limpa e humilde onde a mãe a espera com a janta na mesa.

Seu pai,como sempre, no bar da esquina do qual só sairá amparado pelos amigos .

Olha ao seu redor, sem emoções, conformada com a sua vida.

 Para ela tudo é normal: o beco, a pobreza, o calor sufocante, o lamento dos apitos dos navios que chegam ao porto

Vai até a janela, olha a rua nesta hora tranquila, sem o movimento dos caminhões carregados de café  que passam em direção dos grandes armazéns, agora com seus portões fechados.

No lusco-fusco, o sol é uma pequena luz vermelha se escondendo por trás das casas.

Liga a tv e sonha com o amor  e a beleza das atrizes das novelas. Ah, como queria ser uma delas...

Cansada, adormece  esquecendo que amanhã tudo recomeça: levantar, tomar banho, tomar café, abrir e fechar o velho portão, o beco escuro, que como sua vida, parece não ter saída.

Mas o destino está a sua espreita.

Maria, apesar da pouca idade é uma bela mulher. Forte e corajosa, enfrenta as vicissitudes com alegria, sem lamentações inúteis.

 Como uma estrela, tem luz própria iluminando por onde passa.

Dentro dela ainda que adormecidos, existem sonhos e  a crença de uma vida melhor

Nesta manhã, um vento forte e quente agita freneticamente as folhas das árvores prenunciando temporal e ela apressa o passo segurando a saia rodada no anseio de chegar ao serviço antes que a tempestade desabe.

E o inesperado acontece. Ao atravessar a rua, um carro de luxo a atropela e um homem desce dele para socorre-la. Meio atordoada vê um lindo rosto preocupado debruçado sobre ela. Estaria sonhando ou teria morrido e seria um anjo?

 O vento aumenta de intensidade e a

chuva grossa começa a cair entre raios e trovões. Levanta-se com dificuldade, com algumas escoriações, os cabelos negros molhados, e por incrível que pareça, sentindo bem.

O moço quer leva-la ao hospital,  ela recusa. Então ele a leva numa lanchonete pra tomar um café e esperar a tormenta passar.

Árvores são derrubadas, telhados são levados pelo vento, parece que o mundo vai acabar mas Maria

está hipnotizada por aqueles olhos azuis que a fitam com carinho e nem vê as horas passarem.

 

Aos poucos tudo volta ao normal, o sol vota a brilhare ele a conduz ate a sua casa.

O beco, não tem mais lixo nem ratazanas, o velho portão jazia no chão, o muro que obstruía a passagem  para a outra rua não mais existia e um belo arco-íris brilhava no céu  .